Parir
- luizangpereira
- 19 de fev. de 2021
- 2 min de leitura

Parir é um p* desafio! Ah, esse ninguém questiona.
Parir é desafio antes mesmo de gestar, eu diria. Que mulher em idade fértil, não ouve um relato de parto e dá aquela contraída na periquita pensando “Meu Deus, isso aí deve doer.”
E não isento as médicas desse clube, não. As profissionais de saúde que ao longo da sua formação acompanharam alguma sala de parto em algum lugar deste país, também carregam sérios receios.
Não venho aqui falar das obviedades... violência obstétrica (clara ou disfarçada), falta de apoio, suporte, dor. Para essas batalhas, ainda há muito o que lutar.
Felizmente, muitos passos importantes já foram dados. Bandeiras importantes são levantadas todos os dias. Direitos são alcançados e vemos uma geração de mulheres que não só querem parir, mas querem passar esta mensagem para suas descendentes.
Venho aqui falar do desafio que é parir, mesmo quando todas as circunstâncias são favoráveis. Venho aqui falar do medo que dá, da ansiedade pelo primeiro encontro e pelas expectativas de que esteja tudo direitinho. Venho falar sobre uma porta que se abre, e não se fecha jamais.
Eu diria que parir é a primeira (das milhares de vezes após o nascimento) que a mãe realmente prioriza a vida do seu filho à sua própria existência. Sim, muitas dirão que já na barriga seu bebê é a prioridade. E de fato os bebês na barriga são uma enorme prioridade, e quem já viveu sua perda sabe que sim, é devastador. Não quero minimizar o sofrimento, nem tampouco dar menos valor ao amor da gestante. Mas o momento do nascimento vira uma chave que não se pode explicar. E o processo de parir, independente da via, faz a gente ressignificar a vida inteira.
Colocamos nosso corpo, e principalmente nossa mente à prova. Somos convidadas a encontrar nossa própria força, ultrapassar nossos limites, rever nossas vergonhas e prioridades. Calamos a mente para encontrar o instinto. E a natureza, sábia que é, nos deu todas as ferramentas necessárias para que essa mágica que é trazer um ser humano ao mundo aconteça.
Isso, sem mencionar as expectativas que todas nós temos para este tão maravilhoso primeiro encontro. Parto normal, cesárea, analgesia, bola, banheira, enfim, não importa. Este é um momento ouro para aprender uma das principais lições da maternidade. Você tem os seus planos idealizados, mas a vida tem os dela. Pode confiar. Vai ser como tiver que ser. Da melhor forma, nas circunstâncias que se apresentarem. Aceitar isso ajuda demais a “curtir o passeio”. Traz gratidão pelo momento presente. Traz a riqueza que é aceita-lo e lidar com cada novo desafio à medida que ele realmente aparece.
Como é difícil viver este “um dia por vez”... Mas ao mesmo tempo, que convite lindo a vida nos faz no puerpério a esquecer o mundo lá fora e viver intensamente o mundo aqui dentro. Se deliciar com cada descoberta, com os sentimentos confusos, com as gotas que escorrem de todas as fontes que nosso corpo é capaz. Que outras oportunidades como essa teremos na vida?
Esta imersão é sobre nossos filhos, mas é também (e muito) sobre nós. Teu bebê te trará algumas respostas, mas a maioria delas você vai encontrar dentro do seu coração.
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