Educar

Não eduque na vergonha

Educar é desafio de gente grande. Envolve muito mais que amor. Tem a ver com sonhos e expectativas. E a principal, e mais frustrante de todas é a doce ilusão que um filho é um livro em branco, em que nós pais, durante o processo educacional preencheremos com tudo aquilo que achamos adequado.

E muito pelo contrário. Se filho fosse livro, ele seria um livro de atividades, daqueles que quando você completa a primeira, logo vem a página seguinte com outro desafio. Filho já vem escrito. E educar é ensinar a respeitar e conhecer sua própria essência e assim respeitar a essência e os limites do outro também.

E quantas vezes, mesmo sem perceber, emitimos frases como: “Você não vai assim, todo mundo vai estar bonita e você não.” Ou “O que os outros vão pensar quando te verem assim?” ou a clássica “Que feio! Todo mundo está olhando você fazer isso.”

Eu já proferi estas agressões algumas vezes. Na maioria, sem nem entender por que não as deveria dizer. Na maioria das vezes, numa tentativa desesperada de fazer com que meus filhos atendam minhas expectativas e façam o que eu quero que eles façam.

Mas porque isso é tão importante?

Porque educar na vergonha é ensinar que devemos basear nossa opinião sobre nós mesmos e nossas decisões com base nos olhos e nos julgamentos dos outros. Quanta falta de respeito com a gente mesmo já tivemos por conta dessa necessidade enorme de agradar? Quantas oportunidades e quantas experiências deixamos de viver simplesmente por vergonha? Aos poucos perdemos nossa autenticidade.

Posso escolher entre comprar um chicote bem grande e me martirizar, ou simplesmente olhar para os velhos hábitos, me perdoar e fazer diferente.

Pare, reflita, e tente novamente. E não eduque seus filhos na vergonha. Para criar seres humanos que respeitam o outro, precisamos criar seres humanos que também respeitam a si mesmos.